quinta-feira, 30 de setembro de 2010

carta fora do baralho

Representação fiel de como me sinto no que diz respeito a certas coisas.
[nada mais para acrescentar].

sábado, 28 de agosto de 2010

Paul Cornoyer, The Plaza After Rain, 1910


Fingir que as páginas são cartas para..
Desabrochar tudo que do peito brota!
Fazer florescer jardins de palavras com o simples bailar das mãos
e depois... se agarrar a Morfeu e ter simplesmente que esquecer o endereço do destinatário...
Nem tudo são flores pro jardineiro que sonha...
Mas tudo pode mudar
se ao cair da chuva com os pingos você se embriagar...

Sonhar...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

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Ao postar aqui costumo adicionar uma imagem junto ao texto,
uma maneira que encontrei para fazer com que os dedos deslizem sobre
o teclado de forma direcionada e precisa. Uma maneira de centralizar a idéia em um referencial
e assim criar em cima daquilo. Ao começar a relatar algum pensamento que incomoda
ou mesmo que se mostra pertinente, associo tudo isso a algo concreto e não somente névoas aos olhos de quem observa.
Todo compasso por mais relevante e significante que seja, um dia deixa de ser, o tempo em
dueto com a rotina age de forma degradante sobre as falas, atos, pensamentos, vontades, etc.
O costume de acreditar que esse ciclo pode ser rompido ou mesmo a esperança de despistá-lo
enquanto a fuga para outras terras se mostra viável, não passa de uma doce ilusão.
É assim que me sinto hoje, um corpo em uma clareira que nada consegue mirar a não ser
grandes árvores que obscurecem todos os possíveis caminhos. Um duelo entre instinto e desejo que cansa a mente e a alma, uma espera que me agride, o cansaço assola e nessa clareira
eu me sento para observar o nada que me faz companhia e o soar de pássaros felizes ao longe que nem ao menos sabem que existo.
E hoje me sinto assim,
sem imagem, sem referencial.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Fotografia por: Diane Arbus

No livro "O Elogio da Loucura" de Erasmo de Rotterdam, tal estimado filósofo inicia "seus"
relatos com a seguinte frase "se não tens quem te elogies, elogie-te a ti mesmo" e a partir daí a Loucura assume a narrativa do livro e relata sua visão a respeito de alguns temas.
Sendo assim, inicio então meus escritos com uma frase nele inspirada "se não tens quem te abraces, abraça-te a ti mesmo". É engraçado despir-se por alguns minutos de toda rotina e confusão cotidiana e simplesmente retirar-se do meio que diariamente te engole, tornar-se voyeur de sua própria existência por apenas um humilde momento. Notei em uma dessas aventuras, brincando com a externalização e introspecção que muito nos foge aos olhos,
não notamos ao passar rapidamente por coisas supostamente banais o quão fantástico é aquilo tudo ao ser observado com atenção, talvez isso não seja novidade para muitos, porém, quero ir além da percepção comum das coisas, algo talvez como deixar de existir por alguns segundos para refletir a respeito de sua própria existência. Dizem sempre que ao repararmos nas situações de forma ocular, podemos entender melhor o que ali se passa, exatamente esse o ponto.
Abraçamos ao passar dos anos cada vez mais causas e responsabilidades, nossa rotineira passagem pela terra se torna dia após dia algo mais cheio de detalhes e peculiaridades, agora indago, qual o propósito aplicado ao fato de simplesmente passar por cima disso tudo e nem ao menos regozijar um ínfimo aspecto de deslumbre.
Retorno então ao ato de abraçar. Abraços vem, abraços vão, dizem sempre que o que sobra é a solidão, ou como diria Pablo Neruda:

"Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais..."

Pergunto a vocês senhores e senhoras de boa índole, de bom coração e de prestígio,
Pergunto também a vocês, joãos e marias, aos sem moral, aos sem prestígio:
Até quando devemos negligenciar nossa própria existência e nossos princípios ?
Por quanto tempo talvez teremos que esperar para suprir tão humildes anseios e talvez tão ousadas
ambições? E não pergunto isso aos acomodados, a esses não dirijo a palavra.

Uma vida que se vai.. um abraço partido,
que partiu sem nem ao menos dizer:
bye bye.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Fotografia por : Diane Arbus


A mistura do bizarro e do fascinante,
Assim algumas coisas começam.
Pessoas nascem e morrem todos os dias, voam ligeiras para o sul depois
de rápidas temporadas por estas terras. Costumam dizer que ao chegar o inverno
a evasão era necessária, o que porém, justifica a fuga fora de tal estação ?!
Por muito corri atrás de rastros deixados, farelos caídos, vinhos derramados, seguindo
caminhos tortuosos e sem rota precisa. Já faz um tempo desde que a última grande caminhada
se teve início, os dias nasciam coloridos com escalas de cinza, os céus choravam lágrimas
de pedras, os sonhos mais uma vez se estilhaçavam.
Caminhar sobre cacos e trilhas rústicas, perceber que não passa de um ato insensato aquilo tudo.
Então, mais uma vez acordar sem fôlego, novamente enaltecer tudo o que incomoda e dar as costas
ao resto.
Tormento.

HOMO HOMINI LVPVS

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Criança com uma Granada de Mão de Brinquedo; Diane Arbus; 1962.


O medo de errar as falas, de entrar em cena no momento errado,
de dizer aquilo que vai além do pré.meditado,
isso torna a existência repetitiva, assustadora e preocupante...
Até onde deveria o ser humano entregar-se de tal forma ao comodismo e ao programado?
Linda seria a vida sem tantos fantoches a caminhar teoricamente por sí só nas ruas.

comentário feito a respeito dos escritos de Izabel Garcia (www.mordendoacarnedamao.blogspot.com)

.
Homem Acendendo Cigarro de Garota, de Irving Penn, 1949.


Olhar no espelho e não se encontrar, indício de que algo caminha de forma descompassada.
Mais um dia sem ver a luz do sol, difícil entender como não prezamos nossa liberdade.
No caminho de volta pra casa, agucei meu olhar pra tudo aquilo que me cercava,
pra tudo aquilo que por mim passava e era passado. Por um instante tanta informação sendo
adicionada, tanto sentimento sendo processado e observado, penso cá comigo, será que
tanta vida ao menos sabe que não existe na discrição? Os olhos falam de forma mais sensata
e descrevem melhor que palavras todas as angústias e felicidades que nos corpos estranhos
residem. Tamanha é também a imbecilidade que faz parte do plano de fundo dessa minha
aquarela, que de colorida só possui o nome, tons grafites e foscos ganham destaque, não porque eu queira, mas simplesmente porque foi assim e seria eu capaz de mudar? Talvez.
A idéia não é reclamar, gritar... Apenas observar e retratar. Continuei assim, segui viagem com
os sentidos aguçados enquanto a fumaça era emanada dos póros daquelas janelas que ninguém se preocupava em notar, despercebidas as pessoas sentem-se à vontade, o problema é conceituar despercebidas, nenhuma existência é rélis o bastante para não ser notada, mesmo que com um tom pejorativo, em alguma memória tua imagem há de ser mencionada.
Diziam que no futuro todos teriam os tão sonhados "15 minutos de fama", definir fama, eis a questão, palhaços que possuem platéias, platéias que ovacionam a cada 15 minutos um novo grande astro no palco da vida. Peculiar como as pessoas se portam diante à outra existência, algo tão indiferente, afinal, parece cada um julgar como único ser existente sí próprio e nada mais, o resto são apenas contra regras e figurantes de seu grande show de estréia, todos se preparam ao longo dos dias no anseio por seus minutos sonhados e almejados, dia após dia, se enfeitam, se agracejam com presentes para o grande dia.

O dia chegou, parabéns estes são seus 15 minutos de fama, linda a tua expressão
de contemplação, de realização, lindo o teu velório, lindo teu sorriso através do vidro de teu caixão.